Meio passo à frente e a revolução para trás

'Muito oportuna a publicação da rica pesquisa de Juary Chagas sobre o período dos governos petistas, identificando o conjunto de suas condições sociais e históricas, suas contradições contextualizadas na realidade da sociedade burguesa e as relações de classe que a determinam.
Certamente que para o campo critico o referido período histórico exige ainda muitos desvendamentos fundamentais que só a pesquisa cientifica com arrimo na totalidade social pode
proporcionar. Por isso mesmo a análise cuidadosa com os componentes do tempo histórico mostra ser o texto do pesquisador um ensejo denso de informações e reflexões, expresso numa escrita atenta a qualificar suas afirmações.
Uma das qualidades importantes do livro é exatamente fugir da moralização do debate e adentrar as particularidades históricas do país (dependência e tendências antirreformistas) e de um governo com cariz popular que se anunciou de conciliação de classes. Realiza isto mergulhando nos aspectos estruturais que constituem o Estado, as condições históricas da luta de classes. Avança no debate superando uma análise apologética, sem deixar de apontar as contradições, situando o próprio Partido dos Trabalhadores como parte do saldo organizativo da classe trabalhadora, sem deixar de enfrentar inclusive a posição antirreformista da experiência no governo e como este contribuiu no conteúdo regressivo da luta social. O texto muito atual ainda tem o mérito de analisar o processo do golpe de 2016 e seu conjunto de determinações.
Neste sentido não tenho dúvidas que o mérito do livro passa pelo método escolhido, pela escrita objetiva e corajosa enfrentando temas muito caros aos interesses da organização da classe trabalhadora. Não poderia ser diferente vindo de um intelectual cuja formação é mediada pelos pés e mãos na luta social.'

Erlenia Sobral do Vale
Assistente Social e professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

“Escrevendo durante a noite tenebrosa que se iniciou com o golpe que depôs Dilma Rousseff, Juary Chagas, tal qual a hegeliana coruja de Minerva, lança luz sobre o caráter e o sentido histórico da complexa concertação social petista, que não resistiu à evolução regressiva de suas próprias contradições internas.'

Felipe Demier, historiador e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)”

Sobre o autor:

Juary Chagas possui 41 anos e é natural de Natal/RN. Foi dirigente do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte por três mandatos consecutivos (2007 a 2016), com atuação destacada nas lutas da categoria bancária e nos movimentos sociais. É graduado em Tecnologia da Informação pelo Instituto Federal de Ensino Tecnológico do Rio Grande do Norte (2004), Bacharel em Direito (2010), em Serviço Social (2017), Mestre (2014) e Doutor (2019) em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. É autor dos livros 'Sociedade de classe, direito de classe' (Editora Sundermann, 2011), 'Nem classe trabalhadora, nem socialismo: o PT das origens aos dias atuais' (Editora Sundermann, 2014) e atualmente é professor da Universidade Federal da Paraíba, junto ao Departamento de Serviço Social.