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Sumário
Prefácio à Segunda Edição | 13
Introdução | 17
Capítulo 1 - Trabalho, vida urbana e experiência da exploração | 41
Qual mercado de trabalho?, 43 | Trabalhando nas ruas e nas fábricas, 51 | A experiência da exploração, 59 | Condições de trabalho, 60 |
Moradia, 65 | Saúde, 72 | Salário e emprego, 76 | Livres e escravizados, 78
Capítulo 2 - Formas de organização,87 | Associações, 95 | Irmandades, 107 | Variantes e
combinações associativas, 111 | ?Novos? modelos associativos, 118 | Partido, 119 | Sindicato, 130
Capítulo 3 - Resistência e luta, 145 | Primeiras greves, 148 | Abolicionismo, 153 | Do Vintém à Vacina: motins urbanos, 166 | De volta às
greves, 172 | A repressão, 178
Capítulo 4 - Consciência, 193 | Caminhos da identidade, 199 | Artistas, operários, classes, classe, 207 | Escravizados e operários -
operários escravizados, 216
Considerações Finais | 229
Bibliografia e fontes | 235
Marcelo Badaró Mattos é um reconhecido pesquisador em história do mundo do trabalho e dos trabalhadores. Neste livro navega serena mas vigorosamente
na contracorrente das águas dominantes, quer sejam de cunho pós-moderno ou apenas novidadeiras. Sem abusar de adjetivos, investe contra mitos já antigos, mas que vêm sendo requentados na atualidade - trata-se da recorrente declaração do fim das classes sociais, considerando-as, enfim, eliminadas pelo recuo dos direitos ligados ao mundo do trabalho e pelo fim da experiência soviética.
Marcelo Badaró Mattos navega em outras águas. Neste minucioso trabalho de levantamento de fontes, análise histórica e debate historiográfico, procura recuperar o sentido mais profundo do processo - complicado, tenso e contraditório - do fazer-se classe trabalhadora no Brasil. Grande conhecedor da obra de E. P. Thompson, de quem partilha os pressupostos que conduzem a presente pesquisa, Marcelo apresenta os momentos iniciais de um fazer-se classe
nas condições concretas da vida social do Rio de Janeiro - Corte Imperial e, em seguida, Capital Federal -, a partir da segunda metade do século XIX. A pesquisa
acompanha os embates travados e as experiências acumuladas pelos artesãos e homens livres, escravos e ex-escravos, que compartilharam espaços urbanos e processos de trabalho, e experimentaram formas de solidariedade e/ou conflito e disputa interna.
Vale ressaltar a originalidade da abordagem, ao mesclar setores que tenderam a ser analisados de forma isolada na historiografia: trabalhadores livres e escravos;
nacionais e estrangeiros. O livro mostra como a longa persistência da escravidão, as lutas dos escravos pela liberdade e a construção de novas formas de percepção do trabalho, malgrado as tentativas controladoras das classes dominantes locais ao implementar uma desescravização pelo alto, foram fatores decisivos para a constituição do perfil da nova classe de trabalhadores assalariados.
Estes precisaram ainda superar as divisões internas (nacionais, étnicas, etc.), amplificadas pelos grupos dominantes, para constituir uma percepção própria, agora lastreada no mundo laboral. O livro também nos permite acompanhar as formas de vida na cidade, saúde, cultura, sociabilidade, as atividades e os variados tipos de associações dos trabalhadores. Escravizados e livres constitui-se obra de leitura obrigatória para historiadores e todas as áreas de ciências humanas que investigam a organização do trabalho e a correlação entre condições objetivas de vida e formas de produção da consciência social.
Virgínia Fontes
Professora de História da
Universidade Federal Fluminense