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Foto 1 - Encontrar seu lugar - Autobiografia de Bernardo Boris Vargaftig

Encontrar seu lugar - Autobiografia de Bernardo Boris Vargaftig

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Descrição do produto

Sumário
Agradecimentos 7
Prólogo do autor 11
Prefácio-Encontrar seu lugar - autobiografia de Bernardo Boris
Vargaftig, por Michael Löwy 17

1. Meus pais 21
2. Família em fuga 29
3. O fim do casamento de meus pais 35
4. Minha Nova Família 45
5. Amigos que nos cercam e o início da política 51
6. A UJC e o PCB 57
7. Reações da Família 65
8. Afastamento da UJC e ingresso no POR 75
9. Trotskismo 87
10. Os primeiros anos na Faculdade 107
11. Os últimos Anos de Faculdade e o discurso censurado 115
12. Antes de 1964 123
14. Golpe de Estado e convite de Oswaldo Vital Brazil 135
15. O Navio-Prisão Raul Soares 143
16. A partida do Brasil e a chegada a Paris 149
18. Farmacologia, COVID e servidão voluntária 171
19. A família de Gisors185
20. De Gisors para a Grã-Bretanha 193
21. Mais Amigos199
22. No Laboratório e no mundo 205
23. Tese no contexto de suas bases científicas 219
24. Maio de 1968 239
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25. Estrasburgo e breve curto retorno ao Brasil. As plaquetas
sanguíneas 247
26. Pesquisa sobre pulmões e plaquetas em Estrasburgo - A polêmica com John Vane e colaboradores 257
27. O Instituto Pasteur, novos colegas, novas atividades 269
28. A vida no Institut Pasteur293
29. BCG e alergia, eosinófilos e cientistas que nos visitaram 305
30. Doença da Aline e morte de Marússia 321
31. Últimos anos no Instituto Pasteur 329
32. Professor Titular da USP 335
33. Vida, amigos e trabalho em São Paulo Inflamação pulmonar
de origem intestinal? 349
34. A água tem boa memória? Surpreendente volta do animismo. E a Covid-19? 355
35. Pílula do câncer?, uma velha história que se repete 367
36. Crer ou não crer no que querem que creias 375
37. Tratamento precoce e vacinas 387
38. Meus filhos e amigos afiliados 401
39. Política de novo, o Brasil em transe e o caso Losurdo 409
40. Epidemias e golpes 423
41. Genética e ciência: a eugenia a serviço da barbárie 435
42. Para onde vamos, ?socialismo ou barbárie?? 455

Prefácio

Encontrar seu lugar - autobiografia de Bernardo Boris Vargaftig,

por Michael Löwy


Conheci Boris Vargaftig há muitos anos: 1958!

Se tivesse que resumir em uma palavra o personagem que escreve esta autobiografia, diria integridade. Judeu não judeu - o famoso termo inventado por Isaac Deutscher - cientista, historiador renomado e militante trotskista. Cosmopolita franco-brasileiro, Vargaftig é um homem de convicções, que não cede, não recua e não faz concessões em relação aos seus princípios éticos e políticos. Um belo exemplo desta integridade é o episódio de seu doutorado Honoris Causa da Unicamp, uma distinção recebida em 1991, que lhe deu muita satisfação como reconhecimento de sua contribuição científica e pedagógica. Ora, quando anos depois, o Conselho Universitário da Unicamp recusou (por uma voz de diferença) retirar do Coronel Jarbas Passarinho, sinistro ex-ministro da Educação da ditadura militar, o título de doutor Honoris Causa, Vargaftig não hesitou e devolveu seu título à Universidade. Entre parênteses, só recentemente, em 2022, o mesmo Conselho Universitário corrigiu esta vergonhosa decisão, retirando o título do Coronel em questão.

Somos então amigos há dois séculos?Como relata neste livro, ele era na época militante do Partido Operário Revolucionário (POR), seção brasileira da Quarta Internacional (fundada em 1938 por Leon Trotsky), enquanto eu militava na Liga Socialista Independente (LSI), de obediência ?luxemburguista?. As duas organizações eram minúsculas, mas continham militantes de grande valor, que discordavam, mas se respeitavam mutuamente. Herminio Sacchetta, o velho revolucionário que dirigia a LSI, considerava o jovem Vargaftig como ?um grande quadro?. Ele era conhecido na época como « Borisinho », para distingui-lo de outro Boris mais velho, Boris Fausto que, com seu irmão Ruy, era um dos principais dirigentes do POR. Eu sempre o chamei, e continuo até hoje, de « Borisinho », devo ser o último a utilizar esta expressão?

Quando fui estudar em Paris em 1961 nos perdemos de vista. Só viemos a retomar contato bem mais tarde, no fim dos anos 1990. Boris se afastou da militância no curso dos anos 1960 e eu aderi à Quarta Internacional em 1969: destinos cruzados. Mas nos últimos anos voltamos a nos encontrar, tanto do ponto de vista pessoal como do político: Borisinho como militante da corrente trotskista « Resistência » do PSOL, e eu, como simpatizante (vivendo na França) das várias correntes do PSOL próximas da Quarta Internacional. Nossas companheiras, Eleni e Ana Maria, também simpatizaram e tivemos vários encontros pessoais e/ou políticos, tanto em São Paulo como em Paris. Tentamos montar juntos uma Conferência Antifascista Internacional em São Paulo: até agora não conseguimos, devido à pandemia, mas a ideia era boa.

Não posso opinar sobre a parte científica do livro, sou completamente ignorante em medicina, biologia e farmacologia. Sei que Boris merecia um Prêmio Nobel de medicina, mas suas descobertas foram plagiadas por um grupo de cientistas ingleses pouco escrupulosos. Seu itinerário como professor universitário e como pesquisador foi sem dúvida bastante excepcional.

Como velho marxista não arrependido, compartilho muitas das ideias políticas de meu amigo Borisinho, Leon Trotski é também para mim uma referência fundamental. Partilho da alergia de Boris pelo stalinismo, tanto na sua versão soviética como em sua cópia brasileira. Mas discordamos sobre a religião : contrariamente à Boris, dou muita importância ao papel dos cristãos brasileiros que se engajaram no movimento dos trabalhadores do campo e da cidade; a religião se revelou aqui um fator de luta contra a ditadura militar e mesmo contra o capitalismo. Outro desacordo é sobre a ecologia : para mim, a crise ecológica, e em particular a mudança climática, é o maior desafio político para o marxismo em nossa época; acredito que é necessária uma nova concepção do socialismo - o que chamamos de ?ecossocialismo? - para dar conta deste novo fator, que muda bastante a concepção que temos do próprio marxismo.

Mas esta autobiografia não é um tratado de teoria política: embora o marxismo, e as ideias de Trotsky estejam bem presentes no itinerário de Boris Vargaftig, o livro é sobretudo um testemunho pessoal, que começa com o destino trágico dos judeus da Europa oriental, e termina com a luta antifascista no Brasil de hoje. Um testemunho onde a vida familiar e profissional, os amores e as amizades, os encontros e os desencontros, ocupam o lugar central. Mas também um documento que revela seu autor como personagem de alta estatura intelectual, científica e política, cuja vida sempre foi, e ainda é, coerente com os princípios em que acredita. Não é pouco?

Michael Löwy




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